terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Sem ti, eu não existo" - Melissa Fay Greene

Finalmente, chegou ao fim. Apesar da dificuldade inicial em envolver-me com o livro, acabei-o e posso dizer que gostei. Não é propriamente um livro que não conseguimos parar de ler, não é um livro que possamos dizer "é o meu livro preferido". Mas, a verdade é que pelo facto de sabermos que esta é uma história verídica, sentimo-nos mais ligados ao desenrolar dos acontecimentos.

Inicialmente, o que me fez demorar muito tempo a avançar na leitura foi precisamente o facto da escritora alternar a história de Haregeoin Teferra, - uma etíope que começa a abrigar crianças órfãs cujos pais morreram com SIDA -, com dados epidemiológicos da SIDA na Etiópia tornando, por vezes, a leitura demasiado maçadora. No entanto, estes dados eram de extrema importância para compreender a realidade do país e para valorizar ainda mais a coragem e a força da personagem principal.

É, com certeza, um livro que aconselho para quem gosta de conhecer as realidades de outros países. Com esta narrativa fiquei, não só a saber pormenores que só quem os vive na primeira pessoa pode contar, mas também percebi que cada um reage aos infortúnios da vida conforme sabe. Neste caso, Haregeoin, após perder o marido e uma das filhas, o primeiro repentinamente, a segunda com tuberculose, esta vê a adopção como um refúgio e começa a acolher crianças desfavorecidas na sua casa, chegando mesmo a perder o controle e não sabendo quando parar.

A história desta mulher ganha fama, e Haregeoin vai a Nova York contar a sua vida para os órgãos de comunicação social. Chega a ser presa por ser suspeita de encobrir um caso de violação dentro do seu orfanato, ganhando a desconfiança de muita gente. Mas, por fim, tudo acaba em bem. Haregeoin filia-se a algumas casas de adopção e as suas crianças começam a ser adoptadas por famílias estrangeiras, nomeadamente, americanas, espanholas, italianas, etc. À medida que vamos avançando na leitura, vamos conhecendo a história dessas famílias e como as crianças se ambientaram ao seu novo lar. Novas realidades, culturas completamente diferentes, mas que não foram impedimento para que cada vez mais famílias procurassem a Etiópia, nomeadamente a casa de Haregeoin, em Adis-Abeba, para acrescentar um novo membro à família.

A escritora, Melissa Fay Greene, desenvolve uma boa amizade com Haregeoin, e conta a história, por vezes na primeira pessoa, pois viveu de perto esta realidade, adoptou uma criança da Etiópia e estudou até à exaustão cada pormenor, para tornar este livro o mais verídico possível. Penso que conseguiu.

Sem comentários:

Enviar um comentário