quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ilha Teresa, Richard Zimler


Acabei ontem de ler o Ilha Teresa de Richard Zimler. Apesar de não ter nada a ver com o que estava à espera, o livro acabou por se tornar interessante. Coloquei em prática o famoso slogan da Coca-Cola "primeiro estranha-se, depois entranha-se". Uma adolescente lisboeta de 16 anos viaja com a família para os subúrbios de Nova Iorque à procura de uma vida melhor. O livro acaba por ser o seu diário. Com dificuldades em aprender a língua inglesa e adaptar-se à realidade americana, a jovem ganha tendências depressivas. Cria, então, um mundo só seu: a ilha Teresa. Tem um único amigo: Angel, brasileiro, também com 16 anos, e gay. Os dois partilham o gosto pela escrita mas, principalmente, pela música, idolatrando John Lennon.

Com a morte do pai pouco tempo depois e uma mãe "negligente e consumista" (como se pode ler no resumo do livro), Teresa torna-se uma jovem problemática, refugiando-se na bebida. Quando toda a sua vida perde significado, decide suicidar-se. Escolhe até o dia. Mas tudo muda quando a pessoa mais importante da sua vida, Pedro - o seu irmão mais novo - decide antecipar-se.

A narrativa vai ganhando relevo talvez a partir do meio do livro. Até lá parece que falta algo que nos prenda à leitura. No entanto, à medida que vamos avançando, a história prende-nos e no final faz-nos pensar em como a nossa vida pode depender de um momento e de como a nossa atitude perante a vida pode mudar nesse momento. Para Teresa mudou, no dia 8 de Dezembro de 2009.

Um livro que vale a pena ler. Não ficou no meu top 5 mas, é sem dúvida, um bom livro. Pela escrita inteligente, por vezes sarcástica, pela capacidade de Richart Zimler de se colocar na pele de uma adolescente através da sua linguagem jovial e irreverente. Tem drama, humor e uma certa dose de romance. Uma narrativa que trata de temas como a inadaptação de uma família a uma nova realidade, a uma nova sociedade e a uma nova língua. Mas também fala da exclusão social através da homossexualidade de Angel que Teresa tenta, em vão, proteger. Recomendo.

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