Gosto de não ter que falar com ninguém, reparar em tudo o que se passa à minha volta, apenas com o meu mp3, as minhas chaves de casa e a minha garrafa de água. E assim vou, pela marginal, a olhar o mar, a olhar as pessoas na praia, ou dentro da água. A reparar naquela pessoa que vai a correr já quase sem fôlego, ou naquele que se nota que começou há pouco a fazê-lo, com intenção de perder os quilinhos que tem a mais. Dou por mim, por vezes, a reparar que não vou em linha recta, que tenho tendência a desviar as minhas passadas, ora para a direita, ora para a esquerda, e penso que isso não deve ser normal. Mas não faço caso e logo olho novamente para o mar e mergulho nos meus pensamentos.
Porque são esses pensamentos que também me fazem gostar de andar sozinha. Se não, quando os tinha? Costumo reflectir sobre o meu dia, sobre as coisas que fiz, e nas que irei fazer no dia seguinte. Gosto de fazer uma retrospectiva do que tem sido a minha vida nos últimos tempos, o que fiz bem, o que fiz mal, o que me fizeram bem e o que me fizeram mal. E ultimamente tenho pensado muito em como ser mais agressiva na minha procura de emprego. Afinal, somos milhares à procura do mesmo, tem que haver algo que me distinga, que me faça chamar a atenção.
E hoje insisti um pouco mais nesse tema. Pensei nos meus amigos, principalmente nos que trabalham, e no que é que eles fizeram para conquistar o seu emprego. Ou em quem o tem, mas procura outras possibilidades. Mas também me lembrei daqueles que estudaram anos para conseguir um curso e trabalham há anos em algo que não tem nada a ver com a sua área. Gosto que me dêem conselhos. Gosto que vejam uma oferta de emprego na minha área e que se lembrem de mim. Dou valor a essas pessoas, a esses amigos. Mas também me lembro daqueles que me dizem, - ou diziam neste caso - do alto da sua 'moral', que tenho que mandar C.V. para aqui ou para ali, que tenho que ser mais agressiva, que não me esforço o suficiente mas queixando-se diariamente dos seus empregos, fora da área, sem procurarem nada, ficando acomodados. E não é isso que quero para mim. Se escolhi aquele curso, é porque quero enveredar por essa área, quero isso para a minha vida.
Atenção, não critico aqueles que trabalham fora da área de estudo porque procuram e não conseguem. Critico, isso sim, aqueles que trabalham fora da sua área de estudo e que desistiram de ter a profissão que escolheram quando começaram a tirar o curso mas, mesmo assim, queixam-se diariamente do emprego que têm. Foi nisso que pensei hoje na minha caminhada, nessas pessoas. Porque conheço algumas assim e não gosto que me critiquem antes de olharem para o seu próprio umbigo. Que fiquem à espera de uma falha minha para falar, do alto do seu pedestal, como se fossem os seres perfeitos que não são, pelo contrário.
Uma hora e meia de caminhada diária também dá para estas coisas. Ora façam o mesmo, experimentem... Faz bem perder um pouquinho de tempo (pouquinho mesmo, ok?) a pensar em quem parece que nos quer mal. Para darmos ainda mais valor aos que nos querem bem. Aos outros, é mandá-los 'para o diabo'. :)
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