segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A vida de um comercial

Sempre achei que não tinha jeito para ser comercial. Quando estive muitos meses sem trabalho, via milhentas ofertas de emprego para comerciais e nunca respondi a nenhuma, porque não me identificava com essa área. A semana passada, um colega meu - que é comercial - disse-me precisamente o contrário. Que eu devia ter muito jeito para esse trabalho. Mas eu mantenho a minha ideia. Se precisasse mesmo muito é possível que tentasse e até corresse bem mas acho mesmo que não me enquadro nessa profissão. Vejo os meus colegas aqui da revista a trabalhar e a falar, às vezes meia hora, com o cliente tentando vender o seu 'produto' e eu penso "se fosse eu, ao primeiro não ia dizer está bem e ficar rapidamente sem mais argumentos, desligando o telefone". O meu colega diz que não. Que da maneira que eu sou teimosa e da forma como mantenho as minhas ideias até ao fim, que iria ter muito sucesso como comercial. É possível, mas eu não quero. Não me parece que seja possível. E agora mesmo, apercebi-me - apesar de já ter uma certa noção de que era assim - que a vida de comercial é capaz de ser das mais instáveis que há no mercado. Vivem de comissões, vivem de cada contrato angariado, vivem de encontrar clientes que estejam dispostos a dar dinheiro para cultivar a imagem da sua empresa numa altura de crise como esta. É difícil, e é muito desgastante ouvir e ter esta conversa todos os dias. Ouvir constantemente negas e mais negas, e continuar a insistir porque esse é o ganha-pão dos comerciais. Hoje, vai mais um comercial embora aqui da empresa. O segundo em dois meses que cá estou. E só estava cá há umas três semanas. Não se identificava com o trabalho que estava a fazer e vai voltar para o emprego anterior. Acho que o mesmo me aconteceria a mim. Felizmente, encontrei um espacinho para mim na minha área. E espero que por muito tempo.

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